O controle da transmissão vetorial

Author:

Silveira Antônio Carlos1,Dias João Carlos Pinto2

Affiliation:

1. Ministério da Saúde; Organização Panamericana de Saúde

2. Fundação Oswaldo Cruz; Academia Mineira de Medicina

Abstract

Entre 1950 e 1951, foi realizada a primeira Campanha de Profilaxia da Doença de Chagas, no Brasil, conduzida pelo então Serviço Nacional de Malária. Abrangeu, com ações de controle vetorial químico, 74 municípios ao longo do Vale do Rio Grande, na divisa dos Estados de Minas Gerais e São Paulo. Desde então até o ano de 1975 as atividades de controle foram exercidas de forma mais ou menos regular e com maior ou menor alcance, o que dependeu de um aporte descontínuo de recursos. A doença de Chagas não representava prioridade, relativamente a outras enfermidades endêmicas prevalentes no país. Ainda assim, a julgar pelos dados acumulados ao longo daqueles 25 anos, o volume de trabalho não foi desprezível, mas pouco conseqüente em termos de seu impacto sobre a transmissão. Em 1975, com um aporte adicional de recursos, excedentes do programa de controle da malária; com a sistematização metodológica das operações; e, com base em dois extensos inquéritos epidemiológicos realizados no país, entomológico e sorológico, as ações de controle vetorial passaram a ser exercidas de forma regular, seguindo dois princípios básicos: intervenções em áreas sempre contíguas e progressivamente crescentes e sustentabilidade das atividades, até que cumpridos determinados requisitos e metas, previamente estabelecidos. Essas ações levaram ao esgotamento das populações da principal espécie de vetor, Triatoma infestans, alóctone e exclusivamente domiciliar, e ao controle da colonização intradomiciliar de espécies autóctones com importância na transmissão. A transmissão é hoje residual por algumas dessas espécies nativas, notadamente por Triatoma brasiliensis e Triatoma pseudomaculata; há o risco de domiciliação de espécies, antes consideradas de hábitos silvestres, como é o caso de Panstrongylus lutzi e Triatoma rubrovaria; além da possibilidade de que ocorram casos de infecção humana, diretamente relacionados ao ciclo enzoótico de transmissão. Por tudo isso, é ainda indispensável que se mantenha estrita vigilância entomológica.

Publisher

FapUNIFESP (SciELO)

Subject

Infectious Diseases,Microbiology (medical),Parasitology

Reference26 articles.

1. La enfermedad de Chagas a la puerta de los 100 años del conocimiento de una endemia americana ancestral;Silveira AC,2007

2. O Falso Dilema sobre a Luta Antivetorial e as Perspectivas de Controle da Doença de Chagas no Brasil: BHC ou BNH?;Coura JR;Cad Saude Publ,1993

3. Cardiopatia Chagásica;Fiusa-Lima JT,1985

4. Manual de Normas Técnicas da Campanha de Controle da Doença de Chagas,1980

5. Coletânea SUCAM;Marques AC,1979

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