Affiliation:
1. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil
Abstract
Resumo O artigo analisa os embates em torno da saúde pública no Brasil durante a pandemia de COVID-19 desde uma perspectiva genealógica. A problemática de pesquisa se desenvolve a partir de duas interrogações, a saber: de que modo os cientistas interpretaram o negacionismo no caso do Brasil? Como a genealogia nos permite reconstruir a situação guerreira vivida entre ciência, não-ciência e anticiência durante a pandemia? O artigo resulta de uma pesquisa qualitativa que emprega a revisão de literatura voltada para textos publicados entre 2020 e 2022, tendo como objetivos: 1) observar de que modo o fenômeno da anticiência foi caracterizado pelo campo acadêmico; e 2) realizar uma reinterpretação genealógica da literatura analisada. O argumento central trata da compreensão dominante do negacionismo como um acontecimento externo à ciência e discorre sobre os desdobramentos implicados nesta concepção. Desde o método genealógico, o artigo reconstrói a historicidade do saber médico-científico moderno, além de acrescentar aos debates sobre o negacionismo uma interpretação socioantropológica de como alguns posicionamentos médicos e de organizações ligadas à ciência subsidiaram movimentos antivacina, a defesa de tratamento precoce e episódios afins.
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