Affiliation:
1. Universidade de São Paulo, Brasil
Abstract
Resumo Este artigo investiga a relação entre livros, leitura e formação docente na Escola Normal de São Paulo, no final do século XIX. Analisa a constituição de um acervo que deveria compor o repertório de estudantes e professores, e a institucionalização de um espaço para sua guarda e consulta. Para tanto, examina-se um conjunto diverso de fontes, que inclui relatórios, regulamentos, regimentos, legislação, publicações de jornais, catálogos de livros etc. Adota-se a perspectiva transnacional, enfatizando as relações entre São Paulo e França, que marcaram a constituição do acervo em suas primeiras décadas. Dialoga-se com referenciais da história cultural dos saberes pedagógicos e da história do livro e da leitura. Observa-se, desde 1870, o intuito de criar uma biblioteca composta preferencialmente por títulos referentes às matérias do curso normal. A composição de seu acervo acompanhou a diversificação e a ampliação das cadeiras, nos anos de 1880 e 1890, evidenciando a ascensão do caráter científico no campo da pedagogia e a circulação de materiais e ideias pedagógicas. No contexto em que as reformas da instrução pública na França eram admiradas por políticos e educadores brasileiros, a posse de materiais e livros franceses, ou adotados naquele país, era tida como fundamental para a apropriação de experiências e métodos modernos. Entretanto, havia obstáculos à leitura, tais como o horário de funcionamento, a iluminação e o escasso domínio do idioma, sendo constante a afirmação de que a frequência à biblioteca era pequena e que poucas obras eram lidas.
Reference56 articles.
1. Manuais pedagógicos em comparação: cours pratique de pédagogie, de Daligault (1851), e compêndio de pedagogia, de B. J. M. Cordeiro (1874);ARAUJO José Carlos Souza;Cadernos de História da Educação,2018
2. A escola elementar no Século XIX: o método monitorial/mútuo;BASTOS Maria Helena Câmara,1999