Affiliation:
1. Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil
Abstract
Resumo No período de consolidação dos Estados Nacionais europeus industrializados, principalmente no fim do século XIX e início do século XX, os estudos clássicos foram incorporados ao modelo educacional responsável pela formação patriótica de seus futuros cidadãos. Refletindo acerca dessa dimensão educativa e política, vários classicistas do período voltaram suas pesquisas para uma compreensão dos modelos pedagógicos aplicados pelas bem-sucedidas civilizações antigas (como a Atenas ou a Esparta do período clássico) a fim de propor novos caminhos para os desafios do presente: dessa forma se dão a ler algumas das reflexões de Girard (1889), Wilamowitz-Moellendorf (1901; 1914-5), Freeman (1907) e Jaeger (2013). Esse impulso pedagógico esteve intimamente ligado às conjunturas sócio-políticas da época – responsáveis, inclusive, pelo movimento que culminou nas duas Guerras Mundiais, entre 1914 e 1945. Cumpre lembrar que formas violentas de controle estatal, manifestadas principalmente enquanto prerrogativas policiais e carcerárias, unidas a formas mais sutis de poder – por meio da educação obrigatória, por exemplo –, estão entre os fatores que contribuíram para um acirramento das tensões entre os Estados Nacionais na época. Tal como sugerido pelos estudos de Luciano Canfora, François Hartog e Suzanne Marchand, a filologia clássica acabou se revelando um front entre os muitos outros que entraram em disputa nesse complicado período histórico. O objetivo deste artigo é compreender esse processo e suas consequências para o desenvolvimento do campo dos estudos clássicos.
Reference18 articles.
1. Classics, the culture wars, and beyond;ADLER Eric,2016
2. Grecs, Romains et Germains au XIXe siècle: quelle Antiquité pour l’État national allemand;BRUHNS Hinnerk;Anabases,2005
3. Ideologie del classicismo;CANFORA Luciano,1980
4. Œuvres politiques;CONSTANT Benjamin,1874
5. Schools of hellas: an essay on the practice and theory of ancient Greek education from 600 to 300 B.C.;FREEMAN Kenneth,1907