Affiliation:
1. Instituto Oswaldo Cruz, Brasil
Abstract
RESUMO No trabalho em home office decorrente da pandemia de COVID-19, demandas das esferas profissional e doméstica coincidem no espaço, podendo competir pelo tempo do(a) trabalhador(a). Nesta condição, as tarefas domésticas e de cuidado se ampliam por conta das novas demandas geradas, já que todos estão em casa também dando conta de suas atividades profissionais. Tendo como aporte teórico a divisão sexual do trabalho, este estudo analisa a vivência do trabalho em home office de docentes universitários durante a pandemia de COVID-19. O material empírico se baseia em entrevistas semiestruturadas no formato virtual com docentes (quatro homens e seis mulheres) de uma universidade federal no Rio de Janeiro, RJ, em união heterossexual, que têm pelo menos um(a) filho(a) de até 10 anos. Há unanimidade entre os docentes quanto ao maior peso do trabalho doméstico e de cuidado sobre as professoras, que frequentemente se ocupam sozinhas da casa. A presença das crianças aumenta o tempo de cuidado, incluindo o acompanhamento de atividades escolares. A quebra do modelo de delegação (à empregada doméstica ou babá) evidencia os conflitos não resolvidos dentro da família. As assimetrias observadas expressam o sistema de gênero socialmente produzido, que desfavorece as mulheres, tanto no âmbito da saúde, como da produção científica durante a pandemia, ampliando desigualdades e iniquidades que precedem a pandemia.
Reference64 articles.
1. COVID-19 medical papers have fewer women first authors than expected;ANDERSEN Jens Peter;eLife,2020
2. Mulheres das ciências médicas e da saúde e publicações brasileiras sobre Covid-19;AQUINO Estela Maria Leão de;Saúde Debate,2021
3. Technology, Gender and Time: A Contribution to the Debate;ARAÚJO Emília Rodrigues;Gender, Work and Organization,2008
4. Uso do tempo e gênero;BANDEIRA Lourdes Maria,2016
5. The Rush Hour: The Character of Leisure Time and Gender Equity;BITTMAN Michael;Social Forces,2000