Abstract
O artigo discute os descompassos entre as identidades (sexuais e de gênero), os desejos e as práticas sexuais, bem como as relações entre identidades sexuais e percepções de risco às DSTs/Aids de um grupo de mulheres jovens, autoclassificadas como lésbicas ou bissexuais, frequentadoras de espaços de entretenimento noturno no Rio de Janeiro (RJ). Frente à relação entre a construção das identidades e os processos de vulnerabilidade, a análise se debruça no papel das identidades sexuais nos contextos de interação social e trajetórias erótico-afetivas do grupo, apontando circunstâncias relativas à sociabilidade, ao gênero e ao perfil social que balizam a suscetibilidade às DSTs. Os achados revelam que a autodefinição das categorias identitárias das jovens varia em função dos relacionamentos afetivo-sexuais com parcerias de ambos os sexos e das redes de sociabilidade, em distintos momentos de suas vidas, indicando um sentido de fluidez na expressão da sexualidade. A lógica de proteção às DSTs/Aids do grupo é influenciada pela intimidade estabelecida nos relacionamentos afetivos e pela percepção de 'segurança' nas práticas homoeróticas femininas. Frente à importância das práticas homo e heterossexual para a transmissão das DSTs e a tendência das campanhas preventivas em privilegiar grupos com identidades fixas, sugere-se que políticas voltadas para a saúde sexual e a saúde da mulher priorizem a história sexual das mulheres e as relações entre suas práticas e identidades em contextos específicos.
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