Affiliation:
1. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brazil
Abstract
Resumo Na mitologia arawa, o tabaco é concebido “em chave de água”, enquanto a presença desta planta na vida cotidiana mostra, paradoxalmente, um movimento “em chave de fogo”. O tabaco e os venenos revelam, para os grupos indígenas do Purus, um cromatismo genuíno, no marco da “mitologia regressiva” que Lévi-Strauss encontrou em outros contextos ameríndios. Nas narrativas arawa, o tabaco é percebido como alimento, mas os seus efeitos eméticos, entorpecentes ou tóxicos permitem situá-lo entre os antialimentos. Tabaco e venenos operam uma lógica reversa, que transforma as presas em predadores dos seus predadores. O xamanismo efetiva um movimento de aproximação perigosa com a alteridade através dos venenos, ao associar o tabaco ao curare das flechas, ao veneno das serpentes, ao timbó. Nos mitos arawa (Suruwaha, Banawa, Deni...), o cromatismo dos venenos do xamã transtorna a diferença entre presas e predadores, e reverte a ordem instável do cosmos.
Subject
Arts and Humanities (miscellaneous),Anthropology
Reference54 articles.
1. Simetria e entropia: sobre a noção de estrutura de Lévi-Strauss;ALMEIDA Mauro;Revista de Antropologia,1999
2. Lévi-Strauss. Leituras brasileiras;ALMEIDA Mauro,2008
3. Paisagens ameríndias: lugares, circuitos e modos de vida na Amazônia;APARICIO Miguel,2013
4. Presas del veneno. Cosmopolítica y transformaciones suruwaha (Amazonía occidental);APARICIO Miguel,2015
5. Portals of power: shamanism in South America;BAER Gerhard,1992
Cited by
3 articles.
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