Abstract
A análise de livros didáticos é representativa do sistema educacional, pois os livros são a base do conteúdo escolar efetivo. Este estudo analisou qualitativamente 44 coleções de livros didáticos de Física, utilizados na escola secundária brasileira nos últimos cem anos. Foram observados os aspectos característicos das coleções e suas ênfases curriculares, referentes à forma de abordar os temas. Os objetivos foram identificar eventos históricos como causadores de mudanças no ensino de Física e estudar a transposição didática presente nesses livros ao longo do tempo. Foi possível estabelecer sete eras paradigmáticas para os livros, bem como os eventos de ruptura. As rupturas resultaram mais de ações do Poder Executivo do que de decisões do Legislativo. A transposição didática variou em cada período. Na década de 1920, valorizavam-se práticas técnicas e experimentais contemporâneas. Entre as décadas de 1930 e 1950, observou-se recuo a um cientificismo descolado da prática científica. Nos anos 1960, o conteúdo diminuiu e a variedade de ênfases aumentou. Nas décadas de 1970 e 1980, nova redução de conteúdo, visando preparar para os vestibulares. Em fins da década de 1980, inicia-se uma transição, com adaptação dos livros existentes. Em fins dos anos 1990, novidades, como LDB, parâmetros curriculares e Enem, dirigiram o ensino de Física à formação de competências. Alterações do Enem em 2009 levaram à apresentação de ciência útil e contextualizada, com reforço conteudista. Novas ênfases curriculares no ensino de Física brasileiro poderão ser resultado da adoção da Base Nacional Comum Curricular.
Publisher
UNIVAP Universidade de Vale do Paraiba