Abstract
O escopo desta resenha tenciona refletir sobre a construção social da mulher africana nigeriana, atravessada pelo ideal Igbo sobre a maternidade e a utilização natural do corpo das mulheres para este fim. Focamos a correlação entre as personagens femininas, que têm suas vidas entrelaçadas pelo contexto cultural, e os desafios que elas enfrentam com a colonização britânica. Procuramos compreender, a partir de estudo crítico e qualitativo, as transformações corpóreas, subjetivas e interpessoais que compõem a escritura de Florence Onyebuchi Emecheta em As alegrias da maternidade, romance publicado pela primeira vez em 1979. Nota-se que a autora acentua a imposição naturalizada sobre o corpo da mulher, que é apresentada como aquela que tem como força vital da sua existência gerar outras vidas. A análise permite um certo deslocamento das lembranças furtivas da autora, uma vez que o título do livro se conecta com a sua história, evidenciando o lado bom. Entretanto, o entorno opressivo e violento, e os questionamentos silenciados pela cultura especificada, também são destacados. No movimento da escrita em si, o papel materno suscita discussões que atravessam o gênero, fazendo-nos pensar nos atravessamentos étnico-raciais, femininos, corporais, entre outros aspectos. Nesse sentido, os resultados obtidos nesse ateliê de maternidade, embora o contexto seja em um país do continente africano, apresentam algumas similaridades com o mundo ocidental que construiu o conceito de mulher e mãe ideal.
Publisher
CAOS Revista Eletronica de Ciencias Sociais
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