Abstract
Este trabalho tem o objetivo de abordar criticamente a teoria da autoginefilia de Ray Blanchard. Segundo o autor, existem dois tipos de mulheres transexuais em função de suas sexualidades: aquelas atraídas por homens e todas as demais, que seriam autoginefílicas. A autoginefilia, compreendida como uma parafilia, designa um conjunto de fantasias sexuais a respeito da imagem de si mesmo/a enquanto mulher. Blanchard postula que a etiologia da identidade feminina em mulheres transexuais não-androfílicas seja a autoginefilia. Nos debruçamos, desta forma, sobre a literatura crítica a respeito do tema, dando especial enfoque às perspectivas das próprias mulheres transexuais. Sustentamos que a teoria proposta por Blanchard é não apenas inconsistente com as narrativas das próprias mulheres transexuais, como também responsável por reiterar visões estigmatizantes a respeito da sexualidade das mulheres transexuais, particularmente daquelas que não se atraem exclusivamente por homens.
Publisher
Albuquerque: revista de historia
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