Affiliation:
1. Disciplina de Reumatologia - Departamento de Clínica Médica. Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)
2. Departamento de Pediatria. Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)
Abstract
A inflamação intraocular da úvea pode ser secundária a trauma, causas infecciosas ou imunológica. Em centros oftalmológicos referenciados, crianças correspondem a 5-10% dos pacientes com uveíte. Incidências anuais de uveíte pediátrica na América do Norte e Europa variam de 4,3 a 6,9/100.000. A principal causa de uveíte em crianças é a artrite idiopática juvenil (AIJ), responsável por até 75% dos casos. Causas infecciosas são observadas em 5% a 33% dos casos.
Em crianças observamos desafios particulares para o diagnóstico de uveíte. Geralmente as queixas oculares são raras; muitas vezes os pacientes são assintomáticos ou oligossintomáticos, portanto avaliações frequentes são necessárias. A anamnese e o exame ocular também apresentam dificuldades nesta faixa etária.
A uveíte anterior assintomática insidiosa é a manifestação extra-articular mais frequente na AIJ. A ocorrência de uveíte está associada à presença do fator antinúcleo (FAN), idade mais jovem ao diagnóstico (< 6 anos), forma pauciarticular e sexo feminino. A uveíte anterior pode ser detectada em até 20% dos pacientes com AIJ, especialmente em meninas com oligoartrite e FAN positivo. Menos frequentemente (5-10%) a uveíte pode ser observada em pacientes com poliartrite com FR negativo e raramente na AIJ sistêmica. Na maioria dos casos observamos uveíte não granulomatosa com acometimento da câmera anterior.
Outra forma de uveíte observada em crianças é a anterior aguda sintomática, nas quais os pacientes geralmente têm AIJ associada a entesite com HLAB27 positivo, FAN e FR negativos, sendo a maioria do sexo masculino e acima dos dez anos de idade.
As atividades articular e ocular podem ocorrer simultaneamente, mas também podemos observar pacientes com atividade ocular na ausência de atividade articular. A presença de uveíte não se relaciona com a evolução articular. Geralmente, a uveíte é observada com mais frequência nos primeiros anos da doença, embora tenham sido descritos episódios inicias de uveíte em pacientes com até 20 anos de evolução da doença.
Publisher
Revista Paulista de Reumatologia