Affiliation:
1. Assistente da Disciplina de Reumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP-USP). Responsável pelo Ambulatório de Espondiloartrites e Artrite Psoriásica HCFMRP-USP). Mestre em Espondiloartrites pela Universidade Europeia de Madrid. Membro do Comitê de Artrite Psoriática da Sociedade Brasileira de Reumatologia
2. Professor doutor, assistente colaborador na Disciplina de Reumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), Unidade de Espondiloartrites-Reumatologia.
3. Professor-associado da Radiologia do Departamento de Imagens Médicas, Hematologia e Oncologia Clínica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP). Livre-docente pela Universidade de São Paulo
Abstract
A radiografia convencional é o método de imagem mais acessível, seja pelo menor custo, seja pela maior disponibilidade. Não apresenta alta sensibilidade ou especificidade, de forma geral é útil no contexto clínico para avaliação das artropatias e do dano estrutural das entesopatias, em particular na avaliação do processo de neoformação óssea pós-inflamatória das ênteses. A ossificação das ênteses ocorre como processo de reparo em reação a uma inflamação prévia que ocorreu de maneira geral alguns meses antes do aparecimento do achado radiográfico, conforme descrito nos artigos “Êntese – Uma R(E)volução” e “Fisiopatologia das entesopatias: aspectos mecânicos e inflamatórios (axial e periférico)” desta revista. Portanto, os achados da radiografia convencional não demostram o processo inflamatório atual, mas sim a sequela e reparo de um processo pregresso. Os locais mais comumente afetados podem ser avaliados pela radiografia, sendo por óbvio os locais onde temos ênteses mais submetidas a estresse mecânico e inflamatório. Quando as articulações periféricas são acometidas, radiografias das mãos e dos pés são úteis para este tipo de avaliação. Os sítios mais comumente pesquisados são calcâneos, ombros, joelhos e bacia. A avaliação das ênteses na região das articulações da coluna vertebral pode corroborar no diagnóstico destas enfermidades. Os padrões de calcificação ou neoformação óssea podem ser úteis na diferenciação das entesopatias. Calcificações com padrão de “tração”, delgadas e lineares, sem perda do contorno anatômico, ou depósitos difusos e calcificações tendíneas, ou com formações “em escamas” e associados a erosões, respectivamente sugestivos de processo mecânico-degenerativo, doenças por depósito e inflamação propriamente dita. Outro ponto a ser considerado na avaliação destes pacientes são possíveis variações anatômicas que acarretam alterações biomecânicas e por consequência podem afetar o padrão e a frequência de aparecimento das alterações radiográficas nas ênteses, como por exemplo, pé cavo, pé plano, escolioses, dismetria dos membros, entre outras. Adicionalmente, com o envelhecimento, ocorre naturalmente degeneração nas ênteses dos tendões, ligamentos e fáscias que se apresentam como proliferação óssea frequentemente identificadas nas radiografias, sem relação obrigatória com manifestação clínica. Em resumo, as radiografias convencionais são úteis no raciocínio diagnóstico das entesopatias, com atenção às características clínicas, anatômicas e funcionais dos indivíduos.
Unitermos: Entesopatia. Entesite. Radiografia convencional. Calcificações.
Publisher
Revista Paulista de Reumatologia