A experiência do HCFMUSP no atendimento a pacientes com COVID-19

Abstract

Para planejar-se diante da emergência da infecção por COVID-19 na China, que viria a se tornar uma pandemia com imensa demanda dos serviços de saúde, o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) ativou precocemente o seu plano de desastres e, como resposta, posteriormente isolou seu maior instituto, com 900 leitos, para que ficasse exclusivamente dedicado ao atendimento de pacientes de COVID-19. Esse processo envolveu a transferência de pacientes e serviços (unidades de internação e de emergência) para os outros institutos, que desta forma puderam manter o atendimento às patologias terciárias não relacionadas à COVID-19 nas áreas assim chamadas de baixa exposição. Um dos aspectos mais desafiadores foi a expansão de capacidades de leitos de UTI, que foi de 94 para 300 em dois meses. Além dos aspectos estruturais que precisaram ser contornados, a disponibilidade de profissionais com competência técnica para atuar em terapia intensiva só foi possível com a atuação de anestesistas, disponíveis no pico da crise pela redução de procedimentos eletivos, e da parceria com empresas e hospitais privados, que contribuíram financeiramente e com suas equipes para possibilitar essa expansão. Para os colaboradores, muitos deles atuando fora de suas especialidades habituais, foram criados treinamentos presenciais e a distância, canais de divulgação de protocolos de tratamento, bem como canais de apoio psicológico. Como resultado da mobilização do HCFMUSP, obtivemos, até o início de agosto, mais de 4 mil internações relacionadas à COVID-19, a maior parte de pacientes graves, com passagem por UTI e altas taxas de ventilação mecânica e necessidade de hemodiálise. O isolamento do Instituto Central do Hospital das Clínicas (ICHC) permitiu também a manutenção de uma parcela significativa do atendimento NÃO-COVID, como procedimentos cirúrgicos, que se mantiveram em funcionamento nos institutos de baixa exposição. Unitermos: COVID-19. Pandemia. Gerenciamento de crises. Sars-CoV-2.