Author:
Ayres José Ricardo De Carvalho Mesquita
Abstract
A epistemologia histórica tem desempenhado um papel destacado no desenvolvimento da Saúde Coletiva brasileira. Nascido como um movimento simultaneamente acadêmico, de busca de novas bases conceituais para um campo científico comprometido com as causas sociais, e político, de resistência contra a ditadura civil-militar implantada no Brasil em 1964, o chamado Movimento da Reforma Sanitária Brasileira encontrou na epistemologia histórica francesa um poderoso aliado. Este artigo busca revisitar os principais traços desta relação, enfocando particularmente os trabalhos inaugurais de Sérgio Arouca e Cecília Donnangelo e a Teoria do Processo de trabalho em Saúde desenvolvida no Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. A discussão está centrada no modo como, de um lado, os conceitos filosóficos de Canguilhem, tais como o caráter normativo da vida e de seu conhecimento, a descontinuidade qualitativa entre os fenômenos normais e patológicos e a definição de saúde orientada pela noção de valor e, de outro lado, a metodologia histórica de Canguilhem, focada no desenvolvimento racional dos conceitos como núcleo da pesquisa histórico-epistemológica, o reconhecimento das influências “externas” sobre os desenvolvimentos científicos, tais como condições sociais e tecnológicas, e o papel positivo atribuído aos obstáculos, falhas e acidentes no progresso das disciplinas científicas, foram todos cruciais para promover a articulação entre os interesses políticos e acadêmicos do Movimento, e ainda permanecem sendo elementos desafiadores para as reflexões históricas e filosóficas da Saúde Coletiva.
Publisher
Universidade de Sao Paulo, Agencia USP de Gestao da Informacao Academica (AGUIA)
Cited by
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