Abstract
Concentrando-nos entre os anos de 1948 – data de um paradigmático artigo de jornal intitulado “Novos rumos da Sociologia” – e 1959 – data, por sua vez, do registro de defesa da tese Visão do Paraíso –, buscaremos pontualmente inscrever, no amplo e prolongado movimento de profissionalização da disciplina história e das ciências sociais, parte das estratégias textuais e discursivas de Sérgio Buarque de Holanda para, de forma plástica, mas não sem tensões, se estabilizar nesse momento decisivo de modificação das condições de produção intelectual no âmbito da Universidade de São Paulo. Sugeriremos, entre outras coisas, que a categoria ensaio se constitui, aí, como um significante flutuante mobilizado performativamente no sentido da ordem do discurso e da memória disciplinar. Dessarte, ao se converter em verdadeiro instrumento prático de classificação que estabelece as semelhanças e diferenças no ato de nomeação, principalmente se se pensa na posição antitética representada doravante por Gilberto Freyre, o uso da categoria cumpre a função de instaurar o “novo” almejado pelas figuras proeminentes desse específico ambiente intelectual.
Publisher
Universidade de Sao Paulo, Agencia USP de Gestao da Informacao Academica (AGUIA)