Abstract
Resumo: O arquivo pessoal da escritora paulista Lygia Fagundes Telles (1923-) faz parte do acervo do Instituto Moreira Salles (IMS), desde 2004. De máquina de escrever a originais e cartas recebidas de amigos e escritores, esse material ainda requer estudos acadêmicos. Este artigo trata da cessão desse rico manancial para os estudos sobre a obra lygiana bem como descreve seu conteúdo e discute a sua catalogação. O objetivo é fazer um levantamento crítico desse tesouro do arquivo da escritora, concentrando-se na observação de alguns grupos de objetos no conjunto do acervo, como treze cartas da escritora e filósofa francesa Simone de Beauvoir (1908-1986). Por meio do estudo analítico da correspondência pessoal da autora brasileira, que reúne as teorias sobre arquivos pessoais e a crítica genética sobre a carta, este texto relaciona a documentação estabelecida no IMS à obra ficcional de Lygia Fagundes Telles, ressaltando o movimento permanente da escritora em manter a memória de si em seus escritos. Ao guardar, ainda em vida, numa instituição de acesso público, seus manuscritos, as cartas recebidas de seu círculo literário, entre outros textos que considerou de interesse geral para o conhecimento de sua obra, a autora de Conspiração de nuvens concebeu mais um misterioso projeto, cujas entrelinhas são estudadas aqui.Palavras-chave: arquivo literário; epistolografia; crítica genética; Lygia Fagundes Telles; Simone de Beauvoir.Abstract: The personal archive of the writer Lygia Fagundes Telles (1923-) from São Paulo is part of the Instituto Moreira Salles’ collection since 2004. The present paper deals with the rich source for studies concerning lygian works, as well as it describes the content and discuss its cataloging. The purpose here is to make a critical research of this writer archive treasure, focusing on the observation of object groups in the collection set, such as the thirteen letters written by the French writer and philosopher Simone de Beauvoir (1908-1986). Through the analytical study of the Brazilian writer’s personal correspondence, which includes the theories on personal archives and genetic criticism regarding the letter, this paper connects the dossier located at IMS to Lygia Fagundes Telles’ fictional works, sticking out the writer’s constant movement to maintain herself-memory into her writings. The author of Clouds Conspiracy has conceived another mysterious project, during her life, keeping under the care of an institution with free access her manuscripts, the letters changed with her friends literary set, and other texts which she considered as having a general interest for the knowledge of her works. The implied sense of this project is studied here.Keywords: literary archive; epistolography; genetic criticism; Lygia Fagundes Telles; Simone de Beauvoir.
Publisher
Faculdade de Letras da UFMG