Abstract
Resumo: O presente artigo propõe uma análise do livro C’est loin Bagdad [fotogramas] (2018), da poeta carioca Leila Danziger, a partir de suas intersecções com o cinema. O livro, que contém apenas um poema subdividido em nove partes, já em seu título faz referência ao curta-metragem do mesmo nome, de 1985, dirigido pela cineasta francesa Valérie Brégaint. Ao longo do poema, Danziger vai elaborar a dor do luto e da perda de Brégaint, que era sua amiga. Assim, mescla-se o enredo do filme C’est loin Bagdad com aspectos biográficos tanto da vida da poeta, quanto da cineasta. O objetivo deste artigo é mostrar de que formas o texto lírico de Danziger dialoga com a linguagem cinematográfica, bem como debater os possíveis usos da imagem para elaboração do luto, com amparo, principalmente, nas reflexões propostas por Roland Barthes (2018), Susan Sontag (2003, 2004), Audrey Linkman (2011) e Didi-Huberman (1998). Através das análises, compreendeu-se que, no poema, as imagens – materiais e imaginadas – tecem a trama que entrelaça vida e morte, ficção e realidade. Como peças fundamentais para lidar com a morte de alguém querido, elas preenchem o presente como lembretes constantes de um passado impreciso e distante. As imagens não atuam como evidência ou prova de algo que aconteceu, como memórias eficazes dos tempos remotos, pelo contrário, são vestígios borrados do passado que somente adquirem sentido quando organizadas poeticamente, quando elaboradas e reposicionadas no texto lírico.Palavras-chave: Leila Danziger; Poesia; Cinema; Luto.Abstract: This article proposes an analysis of the book C’est loin Bagdad [fotogramas] (2018), by Leila Danziger, based on its intersections with cinema. The book, which contains only one poem divided into nine parts, already in its title refers to the short film of the same name, from 1985, directed by French filmmaker Valérie Brégaint. Throughout the poem, Danziger will elaborate on the grief and loss of Brégaint, who was her friend. Thus, the plot of the film C’est loin Bagdad is mixed with biographical aspects of both the poet’s and the filmmaker’s life. The purpose of this article is to show how Danziger’s lyrical text dialogues with cinematographic language, as well as to debate the possible use of the image for the elaboration of mourning, based mainly on the reflections proposed by Roland Barthes (2018), Susan Sontag (2003, 2004), Audrey Linkman (2011) and Didi-Huberman (1998). Through the analysis, it was understood that, in the poem, the images – material and imagined – weave the plot that intertwines life and death, fiction and reality. As key pieces in dealing with the death of a loved one, they fill the present as constant reminders of an imprecise and distant past. The images do not act as evidence or proof of something that has happened, as effective memories of remote times, on the contrary, they are blurred vestiges of the past that only acquire meaning when poetically organized, when elaborated and repositioned in the lyrical text.Keywords: Leila Danziger; Poetry; Cinema; Mourning.
Publisher
Faculdade de Letras da UFMG