Abstract
RESUMO
O objetivo deste artigo é analisar os determinantes da transferência fiscal mais expressiva dos estados em
direção aos seus municípios, a cota-parte do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços
de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS). A investigação é guiada pela hipótese
de que existem distorções nos repasses per capita dessa transferência que prejudicam os municípios mais
populosos, portanto, a análise está centrada especificamente sob a ótica do porte populacional. Para tanto,
foi empregado um modelo econométrico de regressão com dados em painel, tendo como unidade de análise
os municípios brasileiros no período de 2010 a 2020. Os resultados indicam que o volume das transferências
do ICMS apresenta diferença significativa conforme o porte populacional do ente; observa-se ao longo do
período que os grandes centros urbanos, e notadamente as capitais, perderam sua participação nas receitas
do ICMS, bem como detêm menores valores per capita se comparados aos entes subnacionais de pequeno
porte. Dado que os municípios mais populosos disponibilizam maior volume de serviços públicos, tendo em
vista a grande pressão da demanda, especialmente, por infraestrutura urbana de alto custo, os resultados
apontam para o desenho de um cenário prejudicial para a execução de políticas urbanas e desenvolvimento
das cidades.
Palavras-chave: finanças públicas; transferências intergovernamentais; cota-parte do ICMS; municípios
brasileiros; dados em painel.
ABSTRACT
The objective of this article is to analyze the determinants of the most expressive fiscal transfer from the states
towards their municipalities, the ICMS transfer. The hypothesis we address is that there are distortions in the per
capita ICMS transfers that harm large cities, therefore, the analysis is focused specifically on the perspective
of population size. We used statistical econometric regression with panel data. Brazilian municipalities were
analyzed considering the period from 2010 to 2020. The results indicate that the volume of ICMS transfers
presents a significant difference according to the size of the municipality’s population; over the period, we
observed that large urban centers, and especially state capitals, lost their share in ICMS revenues, as well have
lower per capita amounts when compared to small subnational entities.Considering that the most populous
municipalities provide a greater volume of public services, in view of the great pressure of demand, especially
for high-cost urban infrastructure, the results point to the design of a harmful scenario for the development
and execution of urban policies of cities.
Keywords: public finances; intergovernmental transfers; ICMS transfer; Brazilian municipalities; panel data.
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