Abstract
O consumo excessivo de substâncias ilícitas pode ter um impacto negativo na qualidade de vida de um indivíduo e é, por conseguinte, um indicador de psicopatia. A combinação do consumo de substâncias e da psicopatia pode ter consequências prejudiciais e conduzir a um risco acrescido de persistência e gravidade do consumo. Os estudantes universitários parecem estar em maior risco de consumo de substâncias ilícitas devido à sua disponibilidade e possível facilidade de acesso. O objetivo deste estudo é analisar a relação entre o consumo de substâncias lícitas e ilícitas e a existência de traços psicopáticos numa amostra de 487 estudantes de ambos os sexos, com idades compreendidas entre os 17 e os 49 anos, dos cursos de ciências sociais de uma universidade pública em Portugal. Os dados para o estudo foram recolhidos através da Escala de Autoavaliação da Psicopatia (SRP-III), do Teste de Triagem para Abuso de Substâncias (DAST) e de um breve questionário sociodemográfico. Os resultados sugerem uma associação entre o consumo de substâncias e os traços psicopáticos (valores r = .18 a r = .37), confirmando a necessidade de deteção precoce de comportamentos aditivos entre os jovens. Os resultados revelam também um consumo de substâncias ligeiramente mais elevado no sexo masculino (M = 1.01; DP = 1.33) do que no sexo feminino (M = 0.52; DP = 1.14). O estudo conclui recomendando a criação de programas de intervenção dirigidos especificamente aos adultos jovens em contexto universitário, com o objetivo de prevenir ou intervir no consumo de substâncias ilícitas.