Os espaços e experiências de formação do professor universitário em uma universidade pública paulista: as implicações e desafios impostos pela política de avaliação CAPES

Abstract

A formação para a docência universitária, no âmbito da pós-graduação, revela fragilidades e enfrenta desafios que decorrem, dentre outros, da ausência de políticas educacionais e amparo legal, bem como da diferente valoração entre as atividades desempenhadas pelos docentes que, impetradas pela cultura da avaliação na perspectiva da produtividade, constituem-se enquanto situação-limite para a legitimação de ações e propostas formativas compatíveis com a complexidade e com as múltiplas dimensões que constituem a docência no âmbito do ensino superior. É lugar comum nos estudos e pesquisas acerca da docência universitária reconhecer os desafios e fragilidades que permeiam as iniciativas e ações voltadas à formação do professor universitário no âmbito da pós-graduação tendo em vista o silenciamento legal a esse respeito, a diferente valoração das atividades de ensino e pesquisa e os impactos da política de avaliação Capes que tem, a partir de seus indicadores, secundarizado o ensino e a formação docente. Considerando essa problemática, o presente estudo é um recorte da pesquisa que está sendo desenvolvida no âmbito da pós-graduação em Educação em uma universidade pública paulista cujo objetivo é analisar os programas e iniciativas institucionais de formação do professor universitário, no âmbito da pós-graduação, identificando a dimensão político-institucional das propostas e programas formativos voltadas à dimensão didático-pedagógica da docência.  O percurso metodológico foi desenvolvido a partir de análise documental (CELLARD, 2008) cujo corpus de análise foram os anuários estatísticos da Universidade de São Paulo publicados nos dois últimos anos (2021;2022). Os dados analisados revelam as singularidades e contribuições do Programa de Aperfeiçoamento de Ensino (PAE) desenvolvidos pela Universidade de São Paulo, mas também, sinalizam os limites e desafios da proposta  e a tímida adesão dos alunos de pós-graduação a esses espaços, asseverando a preocupação em relação aos critérios adotados pelas avaliações dos Programas de Pós-graduação que, em nossa perspectiva de análise, têm condicionado o investimento individual e institucional na produtividade, desestimulando o docente e, também, os pós-graduandos em investir na formação didático-pedagógica.