Author:
Clem Eduardo Lemgruber do Valle,Vinhal Jóice Macedo,Conceição Maria Inês Gandolfo
Abstract
Desde as primeiras iniciativas nas décadas de 1940 até a promulgação da Lei de Cotas em 2012, as políticas de ações afirmativas têm evoluído, trazendo consigo um aumento significativo na diversidade do corpo discente. No entanto, a simples entrada na universidade não é suficiente; é essencial garantir políticas efetivas de permanência e assistência estudantil para que esses indivíduos possam não só ingressar, mas também concluir seus cursos com sucesso, fomentando um ambiente acadêmico inclusivo e acolhedor. O objetivo deste artigo é tecer novos diálogos e refletir sobre os desafios enfrentados por estudantes de baixa renda na sua permanência na Educação Superior Pública brasileira. Para tanto, é traçado um percurso metodológico pautado pela Cartografia, em que se preza pela articulação da investigação e intervenção na direção da construção de um diálogo buscando conhecer a realidade dos estudantes de baixa renda amparados por políticas de Assistência Estudantil. O dispositivo utilizado para coleta de dados foi a roda de conversa. Participaram da pesquisa oito estudantes moradores da Casa do Estudante de uma Universidade Pública Brasileira, e dois pesquisadores, servidores da instituição. Os dados apontaram que os Programas de Assistência Estudantil são importantes para favorecer a permanência dos alunos, mas que outros aspectos assinalados pelos participantes transcendem a vulnerabilidade socioeconômica e assinalam para questões relacionadas ao sentimento de pertença em relação ao meio acadêmico, a saúde mental, as relações estabelecidas com a instituição, docentes, servidores e pares, práticas de ensino, transporte. Tais aspectos evidenciam a necessidade de uma democratização da educação superior que, além de promover acesso aos estudos, ofereça condições de permanência e propicie o desenvolvimento humano.
Publisher
South Florida Publishing LLC
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