Abstract
A partir de uma análise dos discursos e representações visuais de 71 sites de empresas de apoio domiciliário no distrito de Lisboa, o presente artigo explora como estas entidades navegam os regimes discursivos dominantes no imaginário sociocultural português das relações entre cuidado e trabalho, profissionalismo e afeto. Ao abordar a dimensão das necessidades emocionais e das relações afetivas no cuidado, várias empresas quebram fronteiras nas construções discursivas idealizadas que colocam emoções e mercados como polos intocáveis. Os discursos encontrados variam entre os que associam os aspetos do trabalho emocional à vocação, ao familiar, ao feminino, e os que procuram colocar os aspetos do trabalho emocional como competências adaptáveis à medida de cada cliente. Dentro de uma grande variedade de abordagens, é possível observar como aspetos do trabalho emocional que têm historicamente desvalorizado o cuidado são agora mobilizados para vender o cuidado como mercadoria.
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