Abstract
O fim da Primeira Guerra Mundial, a dissolução de impérios multiétnicos e, consequentemente, a crise de refugiados e apátridas, representou um severo desafi o a diversos países, europeus ou não, no que diz respeito ao acolhimento de novos grupos sociais, culturais e nacionais. Entre estes países estava o Brasil, que desde o fim da Guerra, incentivara a imigração e que, após o Golpe de 1930, continuara com a mesma postura – não obstante, com adaptações críticas quanto à religiosidade e à etnia dos imigrantes. Vargas desejava a colonização de terras agricultáveis ociosas, ao mesmo passo que ansiava que isto fosse feito, a priori, por colonos brancos e católicos romanos. Nesta lacuna, portanto, inseriu-se um contingente de milhares de assírios feitos apátridas com o fim do confl ito mundial, os quais permaneciam tutelados pelo jugo britânico, mas precisavam, urgentemente, de um novo lar. Neste sentido, este artigo propõe uma avaliação da tentativa de assentamento de assírios no Brasil nos anos 30 através de olhares de teoria político-sociológica de identidade, migração e fronteiras. Com este intuito, buscamos não só levantar questões e trazer novas dúvidas, mas bem como conjecturar as razões da recusa do governo brasileiro de acolher tais assírios para além da questão racial, patente na sociedade brasileira daquele período. Para tal fim, o texto divide-se em duas partes: a primeira, de cunho historiográfi co e que relata os eventos ocorridos naquelas circunstâncias; e a segunda, que aproveita a informação de relato da seção anterior e lança luz a tais pelo uso de teoria político-sociológica.
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