Abstract
Há mais de 170 anos, feministas questionam o conceito de mulheridade, observando como a definição do que é ser mulher perpassa múltiplas e complexas questões. A diversidade da categoria “mulher” impulsionou a construção de vários conceitos, teorias e metodologias no arcabouço feminista, tais como a interseccionalidade, o lugar de fala, a teoria do ponto de vista, os saberes localizados, o feminismo negro, o feminismo decolonial, o feminismo dialógico, entre outros. Lídia Puigvert e Márcia Tiburi têm teorizado sobre o feminismo dialógico, demonstrando que é possível pensar em um feminismo que, por meio de um posicionamento ético, como um lugar de fala e de escuta, de diálogo e de solidariedade entre diferentes vozes, perceba as desigualdades sociais e lute contra as diversas formas de opressão. Neste artigo, visamos desenvolver uma reflexão a partir do cotejamento de ideias propostas por Lídia Puigvert e Márcia Tiburi sobre o feminismo dialógico com alguns conceitos propostos por Mikhail Bakhtin, verificando de que modo o pensamento bakhtiniano pode colaborar para um feminismo dialógico. Com esta reflexão, é possível observar que muitos conceitos elaborados por Bakhtin, como diálogo, relações dialógicas, heterodiscurso, posições axiológicas, ato ético, alteridade e excedente de visão, podem contribuir para um feminismo dialógico, tanto como teoria quanto como práxis, iluminando facetas de uma abordagem de alto poder heurístico para promover espaços democráticos plurais.
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