Abstract
O presente artigo pretende apresentar uma leitura ecocrítica do primeiro volume da trilogia Jogos vorazes, da escritora norte-americana Suzanne Collins, a fim de analisar a questão do Antropoceno e a questão ambiental como fatores influentes na composição narrativa. O termo “Antropoceno” tem como gênesis o ano de 1995, com a proposição do cientista holandês Paul Crutzen sobre as alterações ambientais averiguadas nas últimas décadas, atribuindo-as como fatores resultantes dos atos humanos sobre o planeta Terra e seu ciclo natural. Portanto, a referida nomenclatura conceitua a era atual vigente e, por meio dos Estudos Ecocrítícos aplicados às artes – especialmente na literatura –, essa temática é tocante no que diz respeito ao protagonismo inconsequente desempenhado pelo homem em vista de seu crescimento político, social e econômico, o que permite observar tal postura como uma expressão dos anseios capitalistas da contemporaneidade. Por sua vez, o texto literário distópico potencializa essa interpretação pela sua proposta de ilustrar um mundo negativo e gerenciado por atos humanos individualistas a ponto de transformar o meio ambiente e os seres que o povoam em objetos manipuláveis por ordens totalitaristas. Logo, esta pesquisa é de cunho qualitativo e de natureza bibliográfica, desenvolvida a partir de contribuições de teóricos que discutem o Antropoceno, como Jedediah Purdy (2015), Jan Jagodzinski (2018), Anne Fremaux (2019), etc. Mediante este estudo, observou-se que Jogos Vorazes confirma a predominância de um cenário cada vez mais real e questionável ao expor um panorama sujeito aos ideais humanos de progresso, ao uso irresponsável dos bens naturais e por submeter os próprios indivíduos a valores que favoreçam o regime instaurado pelas classes mais desenvolvidas.