Abstract
Objetivos: Verificar a associação da distância da habitação em relação a sítios de reciclagem sobre habilidades cognitivas em escolares.Métodos: Estudo transversal, no qual aplicou-se a escala Wechsler Abreviada de Inteligência em 100 escolares de 6 a 14 anos. As crianças foram divididas em um grupo de estudo (expostos), cujas residências estavam situadas a menos de 100 metros de sítios de reciclagem, em um bairro da cidade de Caxias do Sul. Houve um grupo controle, cujas residências estavam a mais de 150 metros de algum sítio de reciclagem, no mesmo bairro ou adjacências.Resultados: A habitação próxima a sítios de reciclagem aumentou a chance de apresentar quociente de inteligência baixo nos escolares na análise univariada (OR 2,19; IC95% 1,21–3,95). No quociente de inteligência total, o escore obtido foi de 84 no grupo exposto e 95 no grupo controle (p≤0,01). Quando ajustadas para outras variáveis potencialmente prejudiciais, a escolaridade materna elevada mostrou-se um fator atenuador do impacto da distância (OR 0,28; IC95% 0,11–0,72). A diferença encontrada entre os escores de quociente de inteligência verbal foi de 14 pontos (p<0,01); no quociente de inteligência de execução a diferença foi de 4 pontos (p=0,04).Conclusões: A distância entre a habitação e os sítios de reciclagem de resíduos pode reduzir habilidades cognitivas em escolares, mas esse efeito parece ser atenuado pela escolaridade materna. Essa associação reforça as preocupações sobre o impacto do manejo inadequado de resíduos urbanos, podendo vir a subsidiar a criação de políticas públicas que visem diminuir exposições ambientais potencialmente danosas.