Abstract
Na atualidade, uma parcela significativa dos músicos que atuam no campo da música erudita enfrenta situações de trabalho marcadas pela flexibilidade, instabilidade, informalidade e precarização. Muitos profissionais só encontram espaço no mercado de trabalho quando se submetem a tais condições laborais, já que existem poucas alternativas melhores do que essas disponíveis. Isso acaba trazendo sérias consequências para suas carreiras e para suas concepções do que é “ser músico”, tais como um sentimento de incerteza e insegurança permanente. Partindo dessas constatações, este artigo procura refletir sobre tais problemas a partir do conceito de “identidade profissional”. Por meio de uma etnografia realizada em 2017 com os instrumentistas da Orquestra de Câmara Theatro São Pedro (OCTSP), de Porto Alegre, grupo que é considerado uma das principais orquestras do Rio Grande do Sul, foi possível acompanhar o trabalho desses músicos tanto no âmbito dessa orquestra quanto em relação a outras esferas de atuação profissional nas quais eles também estavam inseridos. Todos os 16 músicos entrevistados possuíam atividades musicais paralelas às da orquestra, o que levantou questionamentos sobre os significados objetivos e subjetivos de sua profissão. Concluiu-se que a diversidade de tarefas desempenhadas por esses instrumentistas contribuía para enfraquecer seu senso de identidade profissional, na medida em que os múltiplos pertencimentos laborais e a flexibilidade trabalhista são fatores que dificultam a especialização e a noção de integridade e coesão identitária.
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