Abstract
O objetivo deste artigo teórico é pensarmos como as organizações podem ser compreendias no Antropoceno a partir de práticas organizativas. Propomos um deslocamento ontológico e epistemológico, sendo necessário um olhar crítico e político a cerca do Antropoceno, rompendo com o dualismo entre humanidade e natureza. Para tanto, como forma de diminuir a lacuna teórica presente nas práticas organizativas de Theodore Schatzki, trazemos os animais não-humanos para a discussão. Além disso, propomos que a etnografia multiespécies seja uma metodologia efetiva para mediar a lacuna teórica e metodológica das relações sociais de atores humanos e não-humanos, inclusive, em processos e cotidianos organizacionais. Esse diálogo entre o Antropoceno e as organizações permite pensarmos que as organizações “acontecem” para além do humano, assim como outros organismos também se organizam e possuem lugar nos processos organizativos. Consideramos que a humanidade não faz parte da natureza, mas é natureza, assim como as próprias organizações. Deste modo, práticas organizacionais que sejam centradas no humano acabam por apresentar uma compreensão limitada de nossa realidade social.