Abstract
O artigo traz reflexões sobre as relações de trabalho e o tipo específico de confinamento da avicultura a partir de dados coletados em uma comunidade rural em Ubiratã-PR. Tomando a avicultura como sistema de plantation, a autora acompanhou a rotina de uma família de funcionários e moradores e pôde perceber como, apesar de serem contratados independentes, os seus graus de liberdade são muito reduzidos. Além de transformar o ritmo do ciclo de plantas, animais e pessoas, com um conjunto de técnicas e tecnologias que aceleram o crescimento dos frangos, fazendo com que os granjeiros precisem se adaptar ao ritmo acelerado, ficou evidente a dependência da plantation de algum tipo de trabalho forçado, nos termos de Donna Haraway. As vidas dos trabalhadores são reorientadas a partir dos horários e das necessidades dos animais confinados, tudo para mantê-los vivos até o fim do lote. Percebe-se uma combinação entre trabalho na produção em larga escala e pequena agricultura de subsistência em torno da casa em condições de rigor sanitário, além de uma intensificação da dominação da esfera do trabalho sobre a doméstica, principalmente na vigilância às condições de temperatura no período de aquecimento e durante a noite.
Funder
Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro
Publisher
Instituto de Filosofia e Ciências Humanas - UNICAMP
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