Abstract
Neste texto, discutimos um aspecto da caracterização dos nominais em posição de sujeito de sentenças panquecas em português brasileiro. Descritivamente, sentenças panquecas têm duas características centrais nessa língua: (i) um nome na posição de sujeito, com uma estrutura menor do que um DP, recebe uma interpretação de situação; (ii) o predicado não concorda morfologicamente com esse sujeito. Um exemplo disso é a sentença Panqueca é bom. Estudos recentes (SIQUEIRA, 2017, SIQUEIRA; SIBALDO e SEDRINS, 2020) defendem que sentenças panquecas podem ter artigos definidos, como em A panqueca é bom. Mostramos que sentenças como A panqueca é bom são, na verdade, casos de elipse de parte do VP. Elas só são gramaticais caso tenham identidade com o antecedente e não são possíveis caso o antecedente seja só pragmático, isto é, caso o antecedente não tenha material linguístico. Em contraposição, sentenças panquecas, tais como tradicionalmente descritas, são possíveis em casos de antecedente pragmático e possuem, portanto, anáforas profundas em sua constituição. Quando os dois tipos sentenciais são examinados à luz da classificação em termos de anáfora superficial e anáfora profunda, evidencia-se que sentenças panquecas exemplificadas por Panqueca é bom têm uma constituição diferente de sentenças com elipses verbais, como A panqueca é bom. Dessa forma, mostramos que só a primeira se configura como uma verdadeira sentença panqueca.
Publisher
Universidade Estadual de Campinas
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1. Apresentação;Cadernos de Estudos Linguísticos;2022-12-31