Abstract
A luta dos povos indígenas brasileiros pela visibilidade e acesso a direitos cidadãos, é histórica e fortalecida no final do século XX com as conquistas advindas pela Constituição Federal de 1988. Dentre as conquistas destaca-se o direito à educação, inclusive no ensino superior, o que vem induzindo esforço das universidades direcionados à melhoria do acesso e permanência com qualidade dos estudantes indígenas nos cursos de graduação. O presente artigo é produto de pesquisa de mestrado realizada sobre uma dessas ações, desenvolvida pela Universidade Federal do Oeste do Pará - Ufopa, e direcionada à melhoria da qualidade da permanência desses alunos nos cursos de graduação. A Ufopa vem desenvolvendo o Projeto de Formação Básica Indígena - FBI, destinado ao fortalecimento da formação inicial de estudantes ingressantes pelo Processo Seletivo Especial Indígena, ao mesmo tempo que valoriza a cultura e os conhecimentos tradicionais trazidos pelos estudantes. A pesquisa objetivou analisar a contribuição da FBI, enquanto política de ação afirmativa, no desempenho acadêmico de estudantes, ao longo do seu percurso formativo, por meio da comparação do desempenho nos componentes curriculares de alunos indígenas que não cursaram a FBI, alunos que cursaram parcialmente a FBI, e alunos que cursaram integralmente a FBI. Com a utilização de dados fornecidos pela Ufopa, constou-se como produto da FBI, a solidificação de redes de apoio, a promoção do acesso à vida acadêmica, além da melhoria no desempenho acadêmico daqueles estudantes que tiveram acesso à FBI em detrimento dos que não tiveram acesso, ou tiveram acesso parcial ao Projeto.
Publisher
Universidade Estadual de Campinas
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