Abstract
O artigo analisa o uso político das evidências no debate sobre a reabertura de escolas durante a pandemia de Covid-19 e seu desdobramento: a proposição do Projeto de Lei nº 5595/2020 que proíbe a suspensão das aulas presenciais na educação básica e superior durante pandemias e calamidades públicas. Metodologicamente, analisamos as posições e evidências utilizadas por distintos atores, publicadas em periódicos de grande circulação entre janeiro de 2020 e julho de 2021. À medida em que os atores são contextualizados e as evidências são confrontadas, fica mais explícita a influência dos interesses políticos e econômicos. Ou seja, as evidências são selecionadas e filtradas por meio de lentes políticas particulares para serem usadas como munição da defesa de uma causa, para fazer avançar uma agenda de reformas e converter direitos em serviços. Nosso argumento vai além do instrumentalismo do uso das ‘evidências baseadas em políticas’ em si, avançando para os critérios específicos utilizados para validar e democratizar o debate sobre o conhecimento, o uso político das evidências e as finalidades da política em questão. Concluímos que a evidência, representando um conhecimento informado é um dentre outros elementos do processo de tomada de decisão justo e democrático.
Publisher
Universidade Estadual de Campinas
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