Abstract
Este artigo trata de estudos sobre fonologia e escrita visando a dois objetivos. Um objetivo é tecer uma breve retrospectiva de estudos que, pioneiramente na década de 1980, traçaram possíveis caminhos de investigação; o segundo objetivo, ao primeiro associado, é demonstrar desenvolvimentos alcançados por pesquisas feitas posteriormente, notadamente, nas primeiras décadas de 2000. É dado destaque aos estudos que tomam as segmentações não-convencionais de palavra (como “de mais”, “concerteza”) de uma perspectiva linguística que as concebe como hipóteses dos escreventes acerca dos limites de palavras, construídas a partir de relações entre fala e escrita, reveladoras de (possíveis) interações entre informações de natureza prosódica, morfossintática e semântica dos enunciados. São analisadas grafias não-convencionais de palavras produzidas por alunos em processo de aquisição e de desenvolvimento de escrita em ambiente escolar. Argumenta-se a favor de uma abordagem segundo a qual dados de escrita são fonte para problematização de assunções que embasam teorias fonológicas.
Publisher
Universidade Estadual de Campinas