Abstract
A proposta do texto é investigar como o processo de constituição das masculinidades como enunciações performativas auxilia na formulação de críticas à masculinidade normativa. Para isso, analisamos duas conversas online realizadas no Facebook em 2015 com um grupo de jovens que não se identificam com a heterossexualidade e que vêm utilizando a referida rede digital como possibilidade de repensar os corpos, gêneros e sexualidades para além de modelos normativos binários. A pesquisa online foi desenvolvida por meio dos princípios da alteridade e do dialogismo de Mikhail Bakhtin, imprescindíveis para reconhecer pesquisador e sujeitos como atores sociais que buscam, coletivamente, novas formas de produzir conhecimento. O referencial teórico adotado para a análise das conversas é amparado, principalmente, pelas contribuições da teórica feminista Judith Butler, que compreende o gênero como performativo. Com base em seus estudos, reconhecemos a infinitude de sentidos possíveis atribuídos ao masculino e a necessidade de desestabilização dos essencialismos identitários. O material empírico produzido com os sujeitos evidenciou a denúncia de normas regulatórias de gênero que insistem em privilegiar determinadas formas de ser e de estar no mundo. Somado a isso, esse material trouxe a oportunidade para que pudéssemos tecer algumas breves reflexões para pensar uma educação subversiva à luz do pensamento queer. Isso implicou no desafio de reconhecermos a necessidade de expor, nos cotidianos escolares, os limites e fragilidades de uma masculinidade normativa que impede a capacidade humana de fabricar corpos, gêneros e sexualidades para além das heteronormas.
Publisher
Universidade Estadual de Campinas