Abstract
Introdução: O exame de Papanicolau é uma importante ferramenta na triagem do carcinoma do colo uterino. O diagnóstico citológico de atipias celulares escamosas de significado indeterminado favorecendo lesão de alto grau (ASC-H) é a categoria de menor concordância interobservador. Objetivo: Avaliar o grau de concordância interobservador para os diagnósticos de ASC-H e de lesões intraepiteliais escamosas de alto grau (LIEAG) em um hospital terciário e avaliar a capacidade do diagnóstico de ASC-H para predizer lesões de maior grau. Método: Foram coletadas lâminas de pacientes atendidas entre 2007 e 2015 no Serviço de Anatomia Patológica do hospital, com diagnósticos originais de ASC-H ou LIEAG realizados pelo mesmo patologista, colposcopia e biópsia, quando indicadas, pelo mesmo ginecologista. Essas citologias foram posteriormente revisadas por outros dois patologistas separadamente e às cegas. Ambos tiveram acesso a dados sobre idade no momento do diagnóstico para reproduzir o diagnóstico da prática clínica. Resultados: Houve 65,1% de lâminas listadas com ASC-H e 34,9% com LIEAG. As duas revisões concordaram concomitantemente com o diagnóstico original em 54,7%. Os índices kappa para os dois diagnósticos e somente para ASC-H foram, respectivamente, 0,46 e 0,49 (concordâncias moderadas). Das lâminas originalmente interpretadas como ASC-H, 68,3% resultaram em lesões de maior grau na histologia. Conclusão: Os dados mostraram uma concordância moderada entre os patologistas para o diagnóstico de ASC-H. É importante destacar que o diagnóstico de ASC-H correspondeu à lesão de maior grau de malignidade na histologia, demonstrando que essas lesões devem ser seguidas clinicamente como LIEAG.
Publisher
Revista Brasileira De Cancerologia (RBC)
Reference16 articles.
1. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva [Internet]. Rio de Janeiro: INCA; [data desconhecida]. Tipos de câncer: câncer do colo do útero; [modificado 2021 nov 18; acesso 2021 abr 22]. Disponível em: https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-docolo-do-utero
2. Ellenson LH, Pirog EC. O trato genital feminino: colo uterino. In: Kumar V, Abbas AK, Aster JC, editores. Robbins & Cotran: patologia: bases patológicas das doenças. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; c2016. p. 1848-57.
3. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Diretrizes brasileiras para o rastreamento do câncer do colo do útero. 2. ed. rev. ampl. atual. Rio de Janeiro: INCA; 2016.
4. Baena A, Guevara E, Almonte M, et al. Factors related to inter-observer reproducibility of conventional Pap smear cytology: a multilevel analysis of smear and laboratory characteristics. Cytopathology. 2017;28(3):192-202. doi: https://doi.org/10.1111/cyt.12410
5. Confortini M, Di Stefano C, Biggeri A, et al. Daily peer review of abnormal cervical smears in the assessment of individual practice as an additional method of internal quality control. Cytopathology. 2016;27(1):35-42. doi: https://doi.org/10.1111/cyt.12195