Author:
Dantas Andrea Martins,Mesquita Júlia Luz Camargos,Martins Ana Carolina Silva,Gravina Danuze Batista Lamas,Bezerra Ana Cristina Barreto,Cruvinel Vanessa Resende Nogueira
Abstract
Com o aumento da geração de resíduos no Brasil, vários trabalhadores têm na catação dos materiais recicláveis sua principal fonte de renda. Em geral, esses catadores trabalham em condições insalubres, ficando expostos a diversos riscos ocupacionais devido ao contato com lixo orgânico, resíduos cortantes e hospitalares, resíduos de medicamentos e lixo eletrônico, além da contaminação ambiental do solo, ar e água quando trabalham em lixões a céu aberto. Do ponto de vista social, esses trabalhadores vivem em condições precárias, o que pode gerar impactos negativos para a sua saúde e de suas famílias. O presente estudo visa identificar se existe diferença significativa entre o perfil sociodemográfico e condições de saúde de crianças filhas de catadores e não filhas de catadores que moram em duas áreas vulneráveis do Distrito Federal. Para isso, foi conduzido um estudo do tipo transversal analítico, a coleta de dados foi realizada por meio de um questionário aos pais de crianças matriculadas em escolas da Cidade Estrutural que abrigou por quase 60 anos o maior lixão da América Latina (Grupo 1- G1) e da Ceilândia- Região Administrativa que abriga a maior favela do Brasil (Grupo 2- G2). Ao total, 301 crianças participaram do estudo, sendo 195 do G1 e 106 do G2. Com relação aos dados de acesso à água tratada e contato direto com o lixo, houve diferença significativa entre os grupos (p=0,03 e p= 0,01) respectivamente, sendo as crianças do G1 as mais expostas à falta de saneamento. Com relação aos problemas durante a gestação/parto, as crianças do G1 foram as mais afetadas (p <0,0001) e com relação à saúde atual, não houve diferença entre os grupos. Entretanto, em análise comparativa, os o(a)s filho(a)s do(a)s catadores apresentam mais epilepsia, deficiência de aprendizagem e outros neurológicos, o que pode estar relacionado à contaminação por metais. O Lixão da Estrutural foi oficialmente fechado em janeiro de 2018, entretanto os catadores de materiais recicláveis ainda vivem com suas famílias nas proximidades da área do antigo lixão, em condições precárias. Monitorar a saúde dessas pessoas e, principalmente das crianças é de fundamental importância para minimizar os impactos da contaminação ambiental causada pelos 60 anos de descarte inadequado de lixo na área da Estrutural.
Publisher
South Florida Publishing LLC
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