RELAÇÃO ENTRE A DIPIRONA E A APLASIA DE MEDULA: UMA REVISÃO DE ESCOPO

Abstract

Introdução: A dipirona é popularmente usada como analgésico e antipirético e utilizada em larga escala em muitos países. No entanto, esse medicamento foi banido dos Estados Unidos da América (EUA), Reino Unido, Dinamarca e Suécia na década de 70 devido a relatos de seus efeitos adversos. Dentre eles, destaca-se, devido ao seu potencial de morbi-mortalidade, a aplasia de medula, também chamada de anemia aplásica. Objetivo: Conhecer as evidências científicas acerca da relação entre o uso da dipirona e o desenvolvimento da anemia aplásica. Método: Revisão de escopo, realizada em 2021, utilizando a questão norteadora “Pacientes que usam dipirona desenvolvem aplasia de medula?”. A pesquisa foi feita no Pubmed, Biblioteca Virtual em Saúde e SciELO utilizando os termos aplasia, anemia aplásica e dipirona em português e inglês. Foram incluídos estudos completos em humanos, em português, inglês e espanhol e excluídas revisões da literatura sem metanálise. Resultados: Os seis artigos selecionados foram publicados entre 1986 e 2010, sendo eles de âmbito internacional e de abordagens quantitativa, qualitativa ou quali-quantitativa. Com exceção do relato de caso, todos avaliaram a relação entre o uso da dipirona e o aparecimento de complicações, principalmente a aplasia de medula. Os estudos relatam um desenvolvimento de aplasia de medula maior em pacientes em uso de dipirona do que no grupo controle, porém também chamaram atenção para a raridade geral do efeito adverso, especialmente se comparada com outros mais comuns como os gastrointestinais, não justificando o rastreio da condição. O relato de caso evidenciou que a aplasia de medula responde satisfatoriamente à terapia com corticoide, havendo início da melhora em apenas 10 dias. Conclusão: Os estudos selecionados sugerem que existe relação causal entre o uso de dipirona e o desenvolvimento de aplasia de medula. No entanto, esse risco se apresentou, em geral, baixo e que a condição, apesar de grave, tem boa resposta ao tratamento, especialmente ao se levar em conta a eficácia do fármaco. Porém, necessita-se de mais estudos para desvendar maiores nuances do medicamento.