Abstract
Este artigo propõe-se a estudar o pensamento conservador moderno, a fim de verificar se a sua crítica ao desejo revolucionário de destruição das instituições é coerente em um contexto pós-revolucionário. Parte-se da análise do pensamento de Edmund Burke, precursor do conservadorismo moderno, em especial sua crítica à necessidade de destruição institucional que marca o pensamento revolucionário. Em seguida, passa-se a examinar outros autores antirrevolucionários, posteriores a Burke, no que diz respeito a essa questão específica, dividindo tais autores em reacionários e conservadores propriamente ditos. O reacionarismo, ao idealizar a ordem pré-revolucionária, rejeitar totalmente as mudanças trazidas pela revolução e defender uma resposta radical a ela, reveste-se do mesmo desejo de destruição das instituições, de modo a aproximar-se do pensamento revolucionário. Por outro lado, o conservadorismo mais próximo a Burke rechaça utopias, é realista e guia-se pela prudência, razão pela qual não defende qualquer tipo de ruptura radical, mesmo em sociedades pós-revolucionárias. Chega-se à conclusão de que não há incoerência em ser conservador em um contexto pós-revolucionário, pois não se defenderá a destruição completa das instituições “contaminadas” pela revolução, mas sim a retomada das boas tradições, pelos mecanismos institucionais.
Publisher
South Florida Publishing LLC
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