ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS DA COVID-19 EM PACIENTES COM DOENÇA ONCO-HEMATOLÓGICA ATENDIDOS EM HOSPITAIS UNIVERSITÁRIOS DA GRANDE VITÓRIA

Abstract

Objetivo: Descrever os dados epidemiológicos da COVID-19 em pacientes onco-hematológicos em dois centros de tratamento do Espírito Santo. Métodos: Estudo retrospectivo utilizando dados de prontuário dos aspectos epidemiológicos da COVID-19 em pacientes onco-hematológico atendidos no Hospital Santa Casa de Misericórdia de Vitória (HSCMV) e Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (HUCAM), no período de fevereiro/2020 a fevereiro/2021. Resultados: Foram avaliados 406 pacientes com neoplasias hematológicas, sendo 195 HSCMV e 211 HUCAM. Identificados 36 pacientes com COVID 19 sendo 44% (16) HUCAM e 56% (20) HSCMV. Quanto ao sexo: 33% (12) feminino e 67% (24) sexo masculino. 22% tinham (8) leucemia aguda, 14% (5) mieloma múltiplo, 8% (3) SMD, 14% (5) doença mieloproliferativa crônica, 14% (5) linfoma de baixo grau e 28% (10) de alto grau. As comorbidades estavam presentes em 47% (17), com predomínio da Hipertensão arterial 36% (13). A maioria dos diagnósticos foi por RT-PCR. A maioria estava em regime de tratamento oncológico ao diagnóstico de COVID, 58% (14). Quadros classificados como COVID grave pelos critérios do MS foram observados em 53% (19), mas 55% (20) necessitou de UTI, destes a maioria (15) precisou de ventilação mecânica. 92% (33) tinham anemia e apenas 16% (6) tinham neutropenia. A taxa de letalidade foi 39%. Discussão: Informações sobre a incidência de COVID-19 entre pacientes com câncer são variáveis. Sugere-se maior incidência em pacientes com câncer em relação à população geral. O risco da COVID-19 parece ser maior para aqueles com câncer hematológico e de pulmão. É possível perceber a relação do aumento da incidência com os dados de infecções comunitárias regionais, no entanto ainda é relevante o número de pacientes que adquirem a COVID-19 durante a internação por outros motivos. Conclusão: Os dados corroboram que neoplasias hematológicas possuem piores desfechos comparados a dados de literatura para outros tipos de câncer e para população geral, reforçando a necessidade de reavaliar as medidas de prevenção/proteção já adotadas.