Objetivo. Analisar as evidências de associação entre peptídeo C e mortalidade cardiovascular e geral disponíveis na literatura.
Métodos. Foi realizada uma revisão sistemática das bases de dados MEDLINE e EMBASE. Foram incluídos artigos publicados em inglês, português ou espanhol relatando estudos observacionais que investigaram a associação entre o peptídeo C e a mortalidade cardiovascular e geral. Buscou-se ainda avaliar a associação entre peptídeo C e fatores de risco cardiometabólicos, fatores hemodinâmicos e medidas antropométricas. A qualidade metodológica dos estudos foi avaliada de acordo com os critérios da escala Newcastle-Ottawa.
Resultados. Foram identificados 107 estudos relacionados ao tema. Ao final do processo de triagem, foram incluídos 18 artigos que apresentavam dados sobre a associação entre peptídeo C e risco cardiovascular. Cinco estudos forneceram dados sobre a relação entre peptídeo C e mortalidade cardiovascular e geral. O peptídeo C esteve associado positivamente ao IMC em chineses, e inversamente ao HDL colesterol em amostras populacionais na ásia, Oriente Médio e Estados Unidos. Todavia, não foi possível realizar metanálise para os componentes de risco cardiovascular. Por outro lado, o peptídeo C esteve associado com a mortalidade cardiovascular (RR = 1,62; IC95%: 0,99 a 2,66) e geral (RR = 1,39; IC95%: 1,04 a 1,84).
Conclusão. Na revisão sistemática e metanálise realizadas, os níveis séricos de peptídeo C estiveram associados positivamente com a mortalidade geral em todos os indivíduos e com a mortalidade cardiovascular em pessoas sem comorbidades. Com base nesses resultados, é possível recomendar o emprego do peptídeo C na prática clínica como proxy da condição de resistência à insulina associada a mortalidade cardiovascular.