Abstract
O presente artigo analisa os processos de transformação/fabricação do corpo da mulher Tembé na festa do wira’u haw para se constituir “mulher-pajé”. Com base na noção de pessoa e corporalidade, na etnografia do ritual nas aldeias Teko-haw e Sede e nas narrativas míticas, busco entender as agências, os pontos de vista e as capacidades que os corpos das meninas-moças potencializam nas correlações com as Karuwar(s): Zawar/onça/pajé e Zahy/lua/pajé, e com o espírito de Verônica Tembé, no sistema sociocósmico. É por meio da cosmopolítica do corpo que a menina-moça, nas três fases do ritual, a tocaia, a festa do mingau e a festa do moqueado, aprende, com as velhas mulheres, a construir a sua coexistência de mulher-pajé.
Publisher
Universidade Catolica Dom Bosco
Reference23 articles.
1. BELAUNDE, L. E. A força dos pensamentos, o fedor do sangue: hematologia e gênero na Amazônia. Revista de Antropologia, São Paulo, v. 49, n. 1, p. 1-39, 2006. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S0034-77012006000100007. Acesso em: 15 de abril de 2020.
2. BENITES, S. Viver na língua Guarani Nhandeva (mulher falando). 2018. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social) - Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2018.
3. COLPRON, A. Dichotomies sexuelles dans l'étude du chamanisme: le contre-exemple des femmes chamanes shipibo-conibo. 2004. Thèse. (Doctorat en anthropologie sociale) - Université de Montréal, Montréal, 2004.
4. FAUSTO, C. Banquete de gente: comensalidade e canibalismo na Amazônia. Mana, v. 8, n. 2, p. 7-44, 2002. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0104-93132002000200001. Acesso em 20 de abr. de 2002.
5. GOW, P. O parentesco como consciência humana: o caso dos piro. Mana, v. 3, n. 2, p. 39-65, 1997. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/mana/v3n2/2440.pdf. Acesso em: 10 mai. 2020.