Abstract
Toda produção científica é marcada por privilégios, fruto dos embates de poder em um determinado campo de saber. O privilégio da branquitude é um dos mais evidentes na produção de conhecimento que tem sido enfrentado pela obrigatoriedade da inserção da história e cultura afro-brasileira nos currículos da educação no Brasil, por meio das Leis 10.639/03 e 11.645/08. Este artigo tem como objetivo compreender como a geografia brasileira contemplou a implementação da obrigatoriedade da discussão étnico racial no ensino. Para cumprir tal meta de pesquisa, foi realizado um levantamento das respectivas leis no Observatório da Geografia Brasileira (OGB) que atualmente está composto de 28.823 artigos, oriundos de 98 revistas on-line da área da Geografia que cobre um período temporal de 1939-2020 e estão classificadas pelo Sistema Qualis-CAPES (quadriênio 2013-2016). Foram encontrados apenas 39 artigos que abordam o tema, sendo eles produzidos majoritariamente por geógrafos negros, oriundos de instituições públicas do sudeste, sul e centro-oeste. Tal produção é recente e as referências bibliográficas são predominantemente masculinas, havendo apenas uma mulher ocupando centralidade no conjunto de referências dos artigos.
Publisher
Associação dos Geógrafos Brasileiros Seção São Paulo
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