Sobre um meio de cultura para o Haemophilus ducreyi. Alguns dados técnicos referentes ao isolamento desse bacilo

Author:

Salles Gomes Luis

Abstract

São recordados, inicialmente, os métodos experimentais de auto e hetero-inoculações humanas através das quais pôde Ducrey cultivar, no próprio foco ulceroso, da 6.a à 15.a geração, e em condições de absoluta pureza, o bacilo que ele julgava ser o único germe responsável pelo cancro mole, e ao qual ficou seu nome definitivamente ligado. É ressaltada, depois, a importância do aparecimento do meio sólido fundamental proposto por Benzançon e colaboradores para a cultura do bacilo (ágar-sangue de coelho), e também mencionadas, de passagem, as principais modificações nele introduzidas por alguns pesquisadores, visando a torná-lo mais favorável ao desenvolvimento do germe. Nesse mesmo sentido resolveu o autor experimentar, também, uma série de alimentos de alto teor nutritivo, optando, afinal, por uma fórmula de meio de cultura em cuja composição figurasse, de modo substancial, uma infusão de batata adicionada de 2% de glícero1. Essa fórmula, detalhadamente descrita no texto, deu-lhe culturas realmente luxuriantes do H. ducreyi (transplantes em placas e tubos), como se pode observar nas fotos que ilustram o trabalho. Depois de fazer referências sobre o modo de utilização e de conservação do meio, o autor passa finalmente à questão do isolamento do bacilo dos focos de infecção, que expõe da maneira como a seguir vai sintetizado:Se a secreção purulenta destinada à obtenção do bacilo provier de um cancro mole secundário provocado por auto inoculação, o isolamento do germe não oferecerá maiores dificuldades, contanto que o material seja colhido precocemente da lesão e semeado em placas sob boas condições de umidade. A umidade das placas será facilmente obtida pela deposição, na superfície interna das respectivas tampas, de algumas gotas esparsas de solução salina. As placas serão colocadas, invertidas, em estufa regulada a 32° - 34° C cuja umidade ambiente será mantida por 2 recipientes contendo água. Exame das placas 48 a 72 h depois. Por outro lado, tratando-se de pus originário de complicação linfática (bubão inguinal), a semeadura desse material diretamente em tubos, poderá ou não, dar desenvolvimento ao bacilo. A esse propósito, refere o autor a semeadura de pus de 12 bubões fechados, consequentes a cancro mole, obtendo 5 culturas positivas para o H. ducreyi (41,6 %) contra 7 negativas. Examinando, porém, os esfregaços de pus dos 5 casos positivos nas culturas, só dificilmente encontrou bacilos, os quais, além de muito raros, apresentavam uma morfologia involutiva (comprimento e largura 3 a 4 vezes maiores que o normal), mantendo, porém, como única característica, uma discreta hipercoloração das extremidades. A última hipótese a ser considerada - sem dúvida a mais complexa, pela concorrência dos germes de contaminação secundária - é o isolamento do bacilo do próprio foco ulceroso primário. Frente a essa oportunidade, o autor aconselha o uso da seguinte técnica que lhe tem facilitado a obtenção de algumas amostras do germe: o cancro mole deverá sofrer uma limpeza e desinfecção prévias com álcool iodado, seguidas de impermeabilização com colódio e esparadrapo; após 48 horas, 3 a 4 alças do pus (livre de sangue) da lesão, serão agitadas em tubo contendo 1 ml de uma solução de ácido rosólico com concentração igual a 0,01 g %. (Acido rosólico Merck 1 g, álcool absoluto 50 ml, água destilada até completar 100 ml. Diluir 0,1 ml desta solução em 9,9 ml de solução salina e usá-la para o fim indicado.) A suspensão do pus na solução rosólica é agitada e posta na estufa a 32-34° C, retirando-se 4, 8 e 24 horas depois, parcelas do seu sedimento para semeaduras em placas que, por sua vez, serão incubadas, de acordo com as especificações atrás mencionadas. Com a técnica descrita, o autor procurou adaptar a já conhecida ação inibidora (bacteriostática) do corante e indicador – ácido rosólico - para bactérias Gram-positivas em geral, quando em meios de cultura isentos de componentes do sangue, ao isolamento do H. ducreyi presente em secreções sempre contaminadas por diversos tipos daquelas bactérias. É óbvio, finalmente, que o meio de cultura que o autor acaba de apresentar, revelou-se igualmente eficiente para outras espécies do gênero Haemophilus, sendo que Bordetella pertussis pôde ser também facilmente isolada pela exposição das placas ao alcance das partículas mucosas expelidas no momento da tosse.

Publisher

Instituto Adolfo Lutz

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