Abstract
Introdução: O conhecimento sobre a neurobiologia dos transtornos psiquiátricos tem aumentado nas últimas décadas, da mesma forma que a psicofarmacologia tem gerado novos insights sobre o mecanismo de ação e aplicação de antipsicóticos modernos. Objetivo: A quetiapina se destaca como uma das principais e mais difundidas moléculas do grupo, razão pela qual merece ser mais bem compreendida nos seus vários aspectos, motivo dessa atualização. Método: Conduzimos uma breve revisão e atualização sobre vários aspectos da quetiapina, desde componentes de sua ação farmacológica, efeitos colaterais recentemente descritos, até novas indicações na psiquiatria moderna. Resultados: A molécula quetiapina é muito versátil, tendo amplo espectro de ações e indicações, não se restringindo à sua classe de antipsicótico e extrapolando para situações clínicas como insônia, depressão unipolar e bipolar, transtornos de ansiedade, transtorno de personalidade limítrofe, delirium, abuso de substâncias comórbidas, e outras. A quetiapina tem efeitos hipnóticos em doses baixas, efeitos sobre o humor em doses intermediárias e efeitos antipsicóticos em doses mais altas. Sua segurança na gravidez e amamentação, bem como na infância e em idosos, amplia ainda mais seu conjunto de indicações. Cuidados devem ser tomados com a síndrome de descontinuação e com seus efeitos metabólicos, mas a sedação e o ganho de peso são seus principais efeitos colaterais. Conclusões: A quetiapina se revela uma molécula altamente útil para várias condições psiquiátricas que representam problemas de saúde pública, dada sua prevalência global. Sua segurança e boa tolerabilidade, além de amplo espectro de indicações, a tornam uma molécula promissora para uso desde a atenção básica até cenários clínicos de transtornos psiquiátricos graves e resistentes aos tratamentos convencionais.
Publisher
Associacao Brasileira de Psiquiatria