Abstract
Introdução: Quando comparados a indivíduos cis-heterossexuais, a população LGBTQIA+ demonstra maior nível de sofrimento psíquico devido ao seu status de minoria. Acredita-se que sintomas depressivos, inclusive, podem ter sido exacerbados pelo isolamento social durante a pandemia de COVID-19, em parte pela perda de vínculos com seus pares e pela intensificação de conflitos familiares. Objetivo: Investigar a ocorrência de sintomatologia depressiva entre a população LGBTQIA+ durante o período de isolamento social na pandemia de COVID-19. Métodos: Trata-se de um estudo observacional com indivíduos LGBTQIA+, maiores de 18 anos, a partir de um questionário aplicado de forma remota, por meio do Google Forms, e presencialmente, no ambulatório de Psiquiatria do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC), entre julho de 2021 e agosto de 2022. Além de variáveis sociodemográficas e tipo Likert, foi aplicada a escala de Beck para depressão (BDI). Resultados: Participaram da pesquisa 253 indivíduos. As respostas à BDI revelaram que 28,1% destes demonstraram depressão leve (10-18 pontos), 23,7% moderada (19-29 pontos) e 20,9% severa (acima de 30 pontos). Observou-se que a frequência de conflitos familiares relacionados à orientação sexual/identidade de gênero dos participantes, durante a pandemia de COVID-19, correlacionou-se significativamente com a ocorrência de sintomas depressivos (p = 0,001). Conclusão: Para profissionais de saúde mental, é imperativo considerar as vitimizações associadas à condição de minoria sexual e de gênero a fim de promover intervenções mais humanizadas para a população LGBTQIA+ após a pandemia de COVID-19.
Publisher
Associacao Brasileira de Psiquiatria
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