Abstract
O Brasil é conhecido mundialmente pela rica biodiversidade e pluralidade de povos tradicionais que utilizam produtos florestais não madeireiros (PFNM) para fins alimentícios, medicinais, infraestrutura de casas e como fonte de renda extra. Diversos estudos sobre sociobiodiversidade e PFNM têm sido realizados, principalmente sobre inclusão produtiva e formação de mercados para valoração econômica da floresta em pé, o que invisibiliza a importância desses produtos para a organização social e econômica das comunidades e populações tradicionais, principalmente no que se refere à alimentação. Diante disso, o objetivo deste trabalho foi analisar o consumo alimentar das famílias em uma comunidade ribeirinha amazônica, a fim de identificar a presença dos produtos da sociobiodiversidade nos hábitos alimentares locais. A coleta de dados foi feita por meio de observação direta e de entrevistas realizadas com 15% das famílias moradoras da comunidade Surucuá, na Reserva Extrativista Tapajós–Arapiuns. Foram contabilizadas 63 espécies da biodiversidade local que fazem parte da alimentação das famílias, das quais 24 não são reconhecidas na lista brasileira oficial de produtos da sociobiodiversidade. Mediante estudos de viabilidade, essas espécies podem ser incluídas na referida lista e, assim, subsidiar a formação de novas cadeias produtivas. Além disso, os resultados mostram que a relação das famílias com a floresta e com os quintais evidencia a sociobiodiversidade como elemento do sistema socioecológico e o extrativismo vegetal como atividade significativa na configuração da comunidade e na reprodução social.
Publisher
Universidad Nacional de Colombia
Reference27 articles.
1. ADAMS, C.; MURRIETA, R. S. S.; SANCHES, R. A. (2005). Agricultura e alimentação em populações ribeirinhas das várzeas do Amazonas: novas perspectivas. Ambiente & Sociedade, 8(1), 1-23. https://doi.org/10.1590/S1414-753X2005000100005
2. ALLOGGIO, T.; OLIVEIRA, M. de; DOMBROSKI, C.; PENA, F.; SA, N. de. (2014). Prazer em conhecer comunidades do Polo Rio Amorim. Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns – RESEX. Centro de Estudos Avançados de Promoção Social e Ambiental – CEAPS. Projeto Saúde e Alegria – PSA.
3. ARRUDA, R. S. V. (1999). “Populações tradicionais” e a proteção dos recursos naturais em unidades de conservação. Ambiente & Sociedade, 2(5), 79-92. https://doi.org/10.1590/S1414-753X1999000200007
4. BALZON, D. R., et al. (2004). Aspectos mercadológicos de produtos florestais não madeireiros – análise retrospectiva. Floresta, 34, 363-371. https://doi.org/10.5380/rf.v34i3.2422
5. BRASIL. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Portaria Interministerial nº 284, de 30 de maio de 2018. Diário Oficial da União. Publicado em: 10/07/2018, Edição: 131, Seção: 1, Página: 92. https://cutt.ly/CJxeCne