Abstract
Dentro do espectro clínico da síndrome coronariana crônica (SCC), a associação de doença arterial coronariana (DAC)
disfunção ventricular sempre foi motivo de interesse, considerando a menor sobrevida associada a essa população. O desafio de aumentar a sobrevida nessa parcela da população portadora de SCC, quer através de medicações específicas ou intervenções, já está na agenda do cardiologista clínico. Estudos observacionais prévios apontavam para a viabilidade miocárdica (VM) como fator discriminador no benefício das estratégias de revascularização miocárdica em pacientes com disfunção ventricular. Assim, a busca pela presença de viabilidade passou a fazer parte da prática cardiológica rotineira. O fato é que os diferentes métodos de imagem documentam viabilidade sob diferentes aspectos (integridade de membrana celular, função mitocondrial, metabolismo glicolítico, reserva contrátil ou evidência de fibrose), justificando suas diferentes sensibilidades e especificidades. Evidências recentes de grandes estudos randomizados não sustentam que a evidência de VM por diferentes métodos tem relação com o benefício prognóstico da revascularização. Mais que isso, a redução de mortalidade observada em um desses estudos não se justificou por recuperação de função contrátil, mas por redução de infartos (IAMs) fatais. Assim, o uso atual da VM como ferramenta para tomada de decisão na indicação de revascularização em portadores de SCC com disfunção de ventrículo esquerdo perdeu força, ainda havendo espaço para seu uso em casos selecionados na prática do especialista, bem como na construção de uma estratégia de revascularização completa funcional.
Publisher
Sociedade Brasileira de Cardiologia