Affiliation:
1. Universidade Federal do Paraná
2. Pontifícia Universidade Católica do Paraná
Abstract
O tratamento da Insuficiência Cardíaca (IC) com Fração de Ejeção reduzida (ICFEr) evoluiu significativamente ao longo do tempo, com a emergência de várias farmacoterapias, visando diferentes vias fisiopatológicas. Enquanto antagonistas neuro-humorais como Inibidores da Enzima Conversora de Angiotensina (IECA) e betabloqueadores tornaram-se terapias de primeira linha, a principal mudança de paradigma ocorreu com medicações com efeitos vasodilatadores, incluindo a combinação de hidralazina e dinitrato de isossorbida (H-ISDN). Embora o papel da H-ISDN tenha sido ofuscado ao longo do tempo, ele continua significativo, particularmente em algumas populações.
Com benefícios hemodinâmicos comprovados na IC reduzindo-se tanto a pré-carga como a pós-carga, a H-ISDN foi inicialmente testada na década de 80 no Vasodilator Heart Failure Trial I (V-HeFT I), com resultados promissores. No entanto, ensaios subsequentes como o V-HeFT II indicaram que os IECAs eram superiores à H-ISDN na redução de mortalidade.
Posteriormente, análises pós-hoc dos ensaios V-HeFT sugeriram um benefício potencial da H-ISDN em pacientes negros. Tal fato estimulou o desenvolvimento do African-American Heart Failure trial (A-HeFT), que demonstrou uma redução na mortalidade com H-ISDN em pacientes negros com ICFEr, que recebiam tratamento padrão da IC incluindo IECAs.
Diretrizes atuais recomendam H-ISDN em pacientes negros com ICFEr que permanecem sintomáticos apesar de terapia farmacológica otimizada ou que não toleram o uso de IECAs ou de bloqueadores de receptor de angiotensina. No entanto, o uso de H-ISDN em outros grupos raciais e alguns cenários clínicos como IC descompensada ou insuficiência renal continua menos claro por falta de evidências. Neste artigo, revisamos a história, os
mecanismos farmacológicos, e as evidências clínicas para
a H-ISDN no tratamento de ICFEr.
Publisher
Sociedade Brasileira de Cardiologia