O percurso da Reforma Psiquiátrica em Uberlândia: histórias esquecidas

Abstract

OBJETIVO: A Reforma Psiquiátrica questiona as longas internações, práticas abusivas e a dependência inserida nos pacientes. O objetivo do trabalho foi traçar o percurso tomado pela psiquiatria em Uberlândia, abordando o Sanatório Espírita e o Hospital de Clínicas, avaliando quais estratégias foram utilizadas para promover a mudança no paradigma do cuidado dentro dos centros de saúde. MÉTODOS: Foi realizada uma pesquisa nos prontuários e uma revisão da literatura local e nacional, incluindo teses de mestrado e doutorado e documentos da administração pública que abordavam as características das instituições do município, principalmente o Hospital de Clínicas, por ser o maior formador de recursos humanos em saúde da região. Assim, o completo entendimento das práticas realizadas na instituição é de extrema importância para a criação de políticas públicas de qualidade na área.RESULTADOS: A pesquisa revelou características da unidade de saúde mental do HCU, como o papel da família, duração das internações, discrepância do sexo dos pacientes, práticas violentas, estigma da loucura e prontuários incompletos. Além disso, foi percebida uma mudança após a aprovação das Leis “Carlão” e “Paulo Delgado”, sendo constatada a alta de alguns pacientes cronificados. CONCLUSÃO: A pesquisa demonstrou que as instituições do município, mesmo nunca tendo o papel formal de instituições de longa permanência, possuíam características manicomiais, sendo que mudanças só foram percebidas anos após a mudança da legislação visando coibir tais práticas.