Abstract
A ideia de que certas roupas se destinam às mulheres, enquanto outras se restringem aos homens, é uma construção social que ganha força na Modernidade, sendo explorada até hoje na sociedade contemporânea. Contudo, nos últimos anos, começam a despontar práticas de vestuário que surgem como forma de contestação e questionamento a estruturas conservadoras do vestir, a exemplo da moda agênero e a proposta de neutralização de códigos binários na vestimenta. Sendo assim, este artigo busca entender como se dão as estratégias discursivas em torno da constituição da moda agênero no âmbito comunicacional das marcas Beira, Cë e Handred, que dela se apropriam. A análise se constitui a partir de uma perspectiva empírica configurada na internet, particularmente na rede social Instagram, e se apoia na Análise de Discurso de linha francesa como referencial teórico-metodológico, sob a perspectiva dos estudos de Maingueneau. A pesquisa mostra que as estratégias discursivas utilizadas pelas marcas em torno da constituição da moda agênero articulam-se na tentativa de dar sentido a esta prática de vestuário, e a abordam ora como prática política (em intersecção com outros ativismos), ora como estratégia publicitária orientada para o mercado. Nesse contexto, considera-se não apenas as roupas, mas os processos de subjetivação que as permeiam, em particular os associados às representações do masculino e aos tabus ainda associados a elas.
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